Também atuando na outra ponta da
área da Saúde, quando se vive iminente riscos no aumento de números de casos de
Dengue e Chikungunya em Mossoró, os Agentes de Combate às Endemias (ACEs)
sentem a necessidade de amparo e respaldo por parte da gestão Rosalba Ciarlini
quanto a um limite de exposição, diante da pandemia de Covid-19.
Agentes reclamam que a comunidade
não está devidamente avisada e esclarecida de que os ACEs estão evitando
vistoriar domicílio devido ao risco de transmissão e contágio pelo Coronavírus,
tendo em vista que, em nível nacional muitos foram vitimados pela doença.
Em um desabafo, um agente, que
preferiu não se identificar, relatou à diretoria do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró – Sindiserpum,
as muitas dificuldades enfrentadas e até as injustas pressões por parte da
Prefeitura, além da falta de uma comunicação efetiva junto à população.
“No início da pandemia a
vigilância, passava como orientação para as equipes das áreas, que os ACE não
entrassem nos domicílios devido ao risco de contágio pelo Covid-19. Mas os
agentes, ao receber o inseticida, se veem obrigados a fazer o tratamento nos
quintais e uma grande maioria da população não usa máscara ao atendê-los. A
vigilância deve se comunicar melhor com os agentes e com a comunidade. Pois
estamos ainda em pandemia e sem a vacina. Toda semana uma pessoa me atende
dizendo estar isolada com Covid. A doença ainda está no ar. Por isso as
restrições. E o nosso trabalho não se limita apenas ao tratamento de
reservatórios de água. Nosso papel é também de um educador diário de porta em
porta sobre a prevenção e combate ao Aedes Aegypti, suas arboviroses e outras
endemias".
O agente também denunciou as
péssimas condições de trabalho oferecidas pela gestão:
“Parece uma gestão alheia a
realidade da atividade de campo e operacional, sem comprometimento para manter
uma flexibilização quanto a exposição excessiva do agente de campo, sob o sol,
manhã e tarde em atividade externa na rua e vulnerável a assaltos.
A exposição ao sol, em alta
temperatura por mais de 3h, causa muitas vezes tonturas e dores de cabeça ao
longo do dia; a sensação térmica no corpo é alta e gera fadiga; a visão ao
longo das horas sob o sol, em contraste com o boletim de visitas e registro de
dados para anotação a lápis grafite, cansa e causa irritabilidade devido à
luminosidade excessiva do sol e da rua; o peso da bolsa com as ferramentas de
trabalho ao longo dos dois expedientes gera fadiga e dores lombares.
Na bolsa transversal de lona,
devemos carregar: lanterna, trena, embalagem com inseticida, duas peneiras,
dois pratos, picadeira de ferro, blocos de boletins e fichas de visita e pasta
com mapas, bandeira, além dos lápis e outros objetos de uso pessoal, como água,
protetor solar, etc. O ACE para o próprio bem se vira para amenizar o peso da
bolsa, mas não pode diminuir esses materiais obrigatórios.
Temos apenas duas camisas de
farda por dia, manhã e tarde, o que não atende nossas necessidades. As calças
que entregaram como farda, já não cabem mais, pois vieram de fôrma pequena (e
olhe que mandamos ajeitar na costureira”.
Ainda segundo o ACE, sem
informações oficiais de procedimentos, muitos servidores vêm sofrendo pressões
descabidas por parte da gestão, em manter e atender uma meta diária de visitas
e muitos temem pela contaminação pelo Covid-19:
“Fazem reunião com os
supervisores ‘de boca a boca’, não recebemos uma orientação padrão, parecem
evitar emitir comunicados e precisamos de uma comunicação mais próxima, um
diálogo da gestão do programa com os agentes de campo.
Estamos no período mais quente do
ano e lamentamos a gestão não se comprometer em diminuir nosso trabalho externo
nas ruas. O que percebemos é uma cobrança de metas sem considerar todo um
contexto que dificulta as visitas externas (quantitativo de agentes em campo
com déficit, zonas descobertas, falta de transporte para deslocamento dos
agentes a essas zonas e Mossoró cresceu muito nos últimos anos).
Nós, ACEs, somos cientes das
nossas obrigações: trabalhar todos os dias nas ruas, de casa em casa, educando
a comunidade e combatendo as diversas endemias. Sabemos que nossa jornada é de
40h, 8hs por dia, compete a gestão uma logística de distribuição e planejamento
para essa jornada do agente que faz o trabalho de visitas e estatístico dos
dados da sua zona de visita.
Quando convém a gestão do
programa, ela até reduz nossa jornada de rua pra 30hs, mas não permanece. De
abril para cá ficamos em horário 30h na pandemia, mas, de repente, decidem colocar novamente os agentes à tarde
nas ruas de porta em porta, num contexto de pandemia. Só fomos submetidos ao
exame de Covid-19 somente uma vez, em junho. Estamos trabalhando diariamente em
visitas sem saber se estamos contaminados, sendo que muitos podem ser
assintomáticos. Que segurança temos em trabalhar na comunidade? Recebemos
máscaras e álcool em gel. Mas não sabemos se estamos trabalhando com saúde na
comunidade.”
O agente sugere ainda, neste período de pandemia, que uma forma da Prefeitura prevenir e poupar a saúde dos ACEs seria deixar flexibilizado o horário de exposição ao campo, mantendo as visitas externas apenas pela manhã e redistribuindo o restante das horas para atualização de registro e estatística de dados.
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